O espaço e o tempo são os conceitos-chave para empreendermos a busca intelectual sobre a
realidade tal a qual se apresenta. As discussões acerca da verdadeira realidade
objetiva vêm se desdobrando a séculos, filósofos e cientistas continuam se
indagando sobre qual seria a verdadeira natureza da realidade, se é que podemos
considerar apenas uma realidade? Os processos de construção do conhecimento
histórico e científico, tem como base, diferentes elementos que se agrupam e
formam sistemas de pensamentos, correntes epistemológicas que influenciam
diretamente a percepção do indivíduo, acerca da realidade, da sua visão de
mundo. A partir dessas visões de mundo, convergentes, divergentes e
conflitantes, se estrutura o complexo campo experiencial coletivo, que
significa, o conjunto ou sistema de experiências e visões de mundo que se
engendram formando um rizoma de interações e significações imateriais
subjetivas, que estabelecem uma forma-conteúdo para as espacialidades em que
estão inseridas. Segundo Milton Santos (2009:124) a “totalidade (que é una) se
realiza por impactos seletivos, nos quais algumas de suas possibilidades se
tornam realidade”. O modo como o indivíduo percebe a totalidade do real é o que
preenche e dá significado ao espaço. A isso, é que se deve o grande impacto que
um paradigma científico exerce sobre os modos de produzir, ordenar,
classificar, estruturar, analisar e compreender o próprio espaço e a realidade.
O mistério que envolve a significação do espaço
é, sem dúvidas, extremamente importante para o pensamento geográfico.
Aparentemente nos parece simples falar sobre o espaço, mas se quisermos seguir
a fundo em nossas investigações, veremos que tal termo envolve uma variedade
quase infinita de acepções, diversos significados a cada indivíduo que se
propõem a estudar o espaço. De modo geral, podemos conceber inúmeros tipos
diferentes de espaço, o espaço interestelar das grandes distâncias cósmicas, o
espaço de configuração como diria Max Plank (2008), palco dos fenômenos da
física quântica, o espaço econômico fruto dos meios de produção, o espaço
social, o espaço do cotidiano, o espaço pessoal/corporal de cada indivíduo, o
espaço científico/acadêmico, dentre muitas outras variedades de formulações
sobre o espaço, e inúmeros usos desse termo.
As diversas correntes de pensamento, procuraram,
cada qual da sua maneira, definir o tempo e o espaço, adequando cada conceito à
sua realidade e interesses. A bibliografia sobre o tema é vastíssima, desde de
a filosofia grega, até os dias de hoje, muitos filósofos, geógrafos,
sociólogos, físicos e etc, formularam teorias sobre o que é o espaço e muito
mais ainda sobre o conceito de tempo, mas de maneira nenhuma se esgotam as
maneiras de se abordar esses dois conceitos. Após o advento da mecânica
quântica toda a estrutura mecanicista reducionista da ciência, foi colocada em
cheque. As novas ideias se sobrepõem às antigas, mas não sem encontrar resistência,
pois as visões da física moderna romperam com o paradigma científico vigente
(KUHN, 2009).
Segundo Camargo (2008), com esse novo nível de
percepção, a compreensão da realidade física está sendo transformada. O espaço
aparece como um eixo central para compreendermos a realidade que nos rodeia, a
realidade que nos preenche e a realidade que construímos.
CAMARGO, Luís Henrique
Ramos de. A ruptura do meio ambiente: conhecendo as mudanças ambientais do planeta
através de uma nova percepção da ciência: a geografia da complexidade. 2.ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. 237 p.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções
cientificas. 9.ed. São Paulo: Perspectiva, 2009. 260 p.
SANTOS, Milton.
A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4.ed. São Paulo:
EDUSP, 2009. 384 p.
Autor: MILSKI, T.F. Graduando em Geografia Bacharelado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário