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Introdução
Por
uma outra globalização, representa um marco histórico e
intelectual, com uma leitura de fácil acesso às grandes massas, tem
em seu conteúdo uma critica muito profunda e abrangente de todo o
sistema hegemônico de globalização, que desmascara toda a farsa
ideológica que está em vigor na sociedade dita globalizada, além
de nos proporcionar uma análise estrutural da forma como essa
ideologia foi implantada no imaginário popular. O mundo como fabulá,
como perversidade e como possibilidade representa no livro os
conceitos chaves que o autor se utiliza para delinear seu pensamento
e estruturar sua obra.
Vou
analisar o tema central deste livro com um minucioso cuidado,
abordando os temas que estão em pauta no cenário social e
político-econômico, dado a importância que esse livro carrega, é
do meu maior interesse elaborar uma critica coesa e bem estruturada,
e acrescentar minhas opiniões. E assim como autor não me utilizarei
de citações copiosas de diversos autores, para me manter fiel a
proposta do autor.
O
livro traz consigo uma bagagem teórica de décadas de pesquisas e
esforços, somados de diversas áreas do conhecimento, e
surpreendentemente exibe em suas linhas uma clareza e simplicidade
que não é muito comum em livros com esse nível de embasamento
teórico. Milton Santos deteve-se em utilizar listagens copiosas de
citações, justamente para atingir o publico em geral, assim como
tentou Marx com seu manifesto comunista. Mas, mais do que incitar a
revolução, nosso autor tentar expor seus pensamentos de uma forma
que penetre bem fundo no espírito da sociedade atual, apesar de não
carregar os semblantes de uma obra legitimamente acadêmica, com
várias citações de diversos autores, nosso exemplar é tão
complexo e instrutivo quanto.
O
mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade
Bem
como dito na introdução de nosso trabalho, o autor estrutura seu
texto nesses três conceitos, que a meu ver é a chave para
compreender a atual globalização.
Vivemos
num mundo confuso e confusamente percebido. Muito bem dito pelo
autor, há nisso um paradoxo que, sim, pede uma explicação. Diante
dos avanços das ciências e das técnicas e seus frutos, diante
também da aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria,
temos aqui dados de um mundo físico fabricado pelo homem que foi
construído e moldado pelo homem, que segundo Milton Santos, cuja
utilização permite que o mundo se torne confuso e confusamente
percebido, onde as explicações mecanicistas se tornam insuficiente.
Já
temos aqui dados muito importantes a serem analisados. Vivemos em uma
sociedade complexa, produzimos um espaço complexo, não é de se
espantar em observar um mundo confusamente percebido, definições
mecanicistas como dito pelo autor são insuficientes, mas são ainda
utilizadas em larga escala, pois atende um certo tipo de objetivo,
que no geral é sempre voltado a uma minoria hegemônica.
O
mundo é assim construído por meio de fabulações, que segundo o
autor são impostas a todos os espíritos, e se aproveita do
alargamento de todos os contextos para consagrar um discurso único.
Temos então, um mundo perverso, fundado na informação e com um
alicerce na produção de imagens e no imaginário, que Milton Santos
diz, se por exclusivamente ao império do dinheiro, fundado este na
economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal.
Assim
o autor estabelece que se quisermos escapar à crença e não
quisermos admitir que esse mundo assim apresentado é verdadeiro e a
permanência de sua percepção enganosa, devemos admitir a
existência de 3 mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como
nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o
mundo tal como é: a globalização como perversidade; o terceiro, o
mundo como ele pode ser: uma outra globalização.
Para
compreendermos esses três conceitos devemos compreender o que é
ideologia, segundo (CHAUI, 1980) ideologia são as ideias e
representações que tendem a esconder dos homens o real de como suas
relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de
exploração econômica e de dominação política. Os homens então
legitimam essas condições de exploração social e de dominação,
fazendo parecer legitimas e boas. Ai já encontramos o primeiro
conceito: a globalização como fábula. Podemos notar aqui a força
que as ideias possuem, capazes de criar toda uma concepção de
mundo, que tende a mascarar o real, é resultado de séculos de
exploração e dominação, assim quanto mais poder essas ideias
tiverem dentro das massas mais forte será a dominação sobre as
mesmas.
O
mundo como ele é: a globalização como perversidade, é justamente
nas palavras do autor uma fábrica de perversidade, onde o desemprego
se torna cronico, a pobreza aumenta e as classes médias perdem
qualidade de vida, o salário médio tende a abaixar, a fome e o
desabrigo se generalizam em todos os continentes, alastram-se e
aprofundam-se males espirituais e morais, como o egoísmo, os
cinismos, a corrupção.
Aqui
um outro grande tema para se abordar, o mundo como ele é, a meu ver
o mundo como o criamos, o que deve ser apontado aqui é a forma com
que o ser humano tem conduzido sua vida, em busca de falsos ideias,
em uma competitividade egoísta, priorizando cada vez a si mesmo, se
fechando em círculos e classes sociais, perdendo valores morais como
compaixão, amor ao próximo, ética profissional e politica, assim
evidenciando cada vez mais a globalização como fabrica de
perversidade.
O
mundo como ele pode ser: uma outra globalização, é esse ideal
voltado para o bem comum do ser humano. Segundo Milton Santos, as
mesmas bases técnicas que servem ao grande capital para construir
essa fábrica de perversidade, também servirão para outros
objetivos, se forem postas a serviço de outro fundamentos sociais e
políticos. Assim o autor faz alguns apontamentos que indicam essa
possibilidade, como a mistura de raças, povos, culturas, gostos em
todos os continentes, outro fator é a população cada vez mais
aglomerada em áreas cada vez menores, que permite ainda mais mistura
de filosofias.
Outro
ponto de análise, é de admitir até quanto isso é possível. Assim
como o autor compartilho desse ponto de vista mais otimista, acredito
que o ser humano possui valores, como bondade e compaixão intrínseco
em sua natureza, que apenas foram mascarados com ideologias baratas,
filosofias enganosas e um estilo de vida ligado ao consumo, o “ter”
em vez de “ser”. Muitas dessas ideologias se baseiam na triste
herança egoísta do homem, esse voltado a pensar somente em si
mesmo, produz esse mundo perverso, indo da desde a base até o topo
das classes sociais. A alienação do homem sobre si mesmo, resulta
nessa medonha fabrica de perversidade. A partir do momento que o ser
humano pensar não somente em si mesmo, mas pensar e conhecer a si
mesmo, descobrir suas capacidades intelectuais, descobrir suas
faculdades cognitivas, apreender a utilizar as ferramentas do
pensamento, e assim descobrir o mundo que há em sua volta, seus
semelhantes, seu espaço vivido, as formas simbólicas da vida, ai
sim teremos uma nova globalização, a partir dos meios
Técnico-Científicos-Informacionais bem utilizados em prol dos fins
intrínsecos dos homens, veremos não só uma outra globalização,
mas também uma outra humanidade. Mesmo com um sentimento de utopia,
acredito nessa transformação social, justamente por que ela depende
somente de cada indivíduo fazendo sua parte, conhecendo a si
próprio.
Conclusão
Do
ponto de vista do autor, globalização é, de certa forma, o ápice
do processo de internacionalização do mundo capitalista, e para
entendê-la é preciso levar em conta o estado das técnicas e o
estado da política, que não podem ser estudadas separadamente.
Sendo assim a globalização não é apenas a existência desse novo
sistema de técnicas, é também o resultado de ações que asseguram
a emergência de um mercado dito global, responsável pelo essencial
dos processos políticos atualmente eficazes.
O
processo que se inicia com a sofisticação das ciências e das
técnicas, é sem dúvida um novo marco para história humana, assim
temos um mundo unificado, a humanidade como um bloco revolucionário,
pode ser o ápice desse processo. Abrindo as portas para uma nova
compreensão mundo, temos em nossas mãos a chance de produzir uma
outra globalização, está voltada diretamente para os fins
intrínsecos dos seres humanos.
O livro em questão nos traz uma clara compreensão do que é a
globalização, em suas diferentes formas e contextos, suas
diferentes visões e perspectivas e também suas diferentes
possibilidades. Nos traz a tona questões importantes, sobre qual o
nosso papel nesse mundo, e o que estamos fazendo para torná-lo
melhor. E como toda grande obra termina em aberto, não tem uma
conclusão, pois o clico não está fechado, está aberto a novas
possibilidades, aberto para que nós possamos escrever uma nova
história, a partir do nosso presente, uma mutação filosófica,
atribuindo um nosso sentido a existência de cada pessoa e também do
planeta.
Autor: Thiago F. Milski
Referências
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10° ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 pp.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10° ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 174 pp.
CHAUI,
Marilena. O que é ideologia. 15° ed. São Paulo: Brasiliense,1984.
125 pp.
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