Introdução
Nossa
proposta no presente texto
é analisar até onde democracia racial brasileira atingiu realmente
seu objetivo, e em que ponto se torna não mais que um mito.
O
que se vê hoje em dia é a presença de um pensamento, no qual se
diz que o Brasil é um país possuidor de uma certa igualdade racial
e de uma convivência pacifica das etnias, diferentemente dos outros
países como Estados Unidos e na África do Sul. Essa ideia que foi
difundida pelo sociólogo Gilberto
Freyre.
Assim,
nosso objetivo é uma tentativa de elucidar ainda mais essa questão
nos dias de hoje. Partindo do Pressuposto que todos somos iguais,
independente de qualquer fator externo, como a cultura, a raça, a
cor etc, somos levados a considerar o racismo como um ato irracional
e de sérias consequências. O que é ainda mais assustador, é que
em pleno século XXI, ainda temos que lidar com diferentes casos de
preconceitos, seja racial ou relacionado com sexualidade.
O
mito da Democracia Racial
Como
bem atesta nossa constituição, República Federativa do Brasil –
Artigo 3º da CR/88, in verbis:
“Constituem
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I –
construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o
desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV –
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Aqui
temos a clara prerrogativa, que consolida a questão da democracia
racial, estabelecendo a igualdade perante a lei. Mas se tratando do
viés pratico, a democracia racial se torna obsoleta, e muito pelo
contrário do que se tem no plano teórico, vemos que a questão da
igualdade racial é muitas vezes deixada de lado, muito se é
debatido, mas muito pouco é compreendido por parte da população.
O
Brasil é sem dúvidas um país rico, não só de recursos naturais e
econômicos, mas também de cultura e pessoas. Seu povo é fruto de
uma miscigenação de diversas etnias, de uma mistura de povos que se
encontraram e estabeleceram em território brasileiro sua moradia
definitiva. Sua população de maioria “mulata” descendentes de
povos de origem africana e indígena, tem em suas veias o sangue de
uma brava gente.
Com
isso, no Brasil não existem motivos para qualquer tipo de
preconceito e discriminações, porém, os casos de racismo continuam
a aumentar em nosso território.
Segundo
Marilena Chaui:
“Um
mito opera com antinomias, tensões e contradições que não podem
ser resolvidas sem uma profunda transformação da sociedade no seu
todo e que por isso são transferidas para uma solução imaginária,
que torna suportável e justificável a realidade. Em suma, o mito
nega e justifica a realidade negada por ele”
(CHAUI,
Marilena. Contra a violência, apud NASCIMENTO, 2011 pg. 3).
Nesse
trecho exposto por Chaui, temos a confrontação do que afirmamos
acima, a debilidade em lidar com as tensões e as contradições que
requerem uma mudança profunda na sociedade, resulta em uma solução
imaginaria, ou seja, tomam-se medidas paliativas que servem apenas
para conformar, e não resolver o problema real.
Conforme
a sociedade se desenvolve, os preceitos escondidos sobre os mitos,
ressurgem com diferentes aspectos e formas, tornando justificável
atos injustificáveis. Como o racismo no Brasil tem sua raiz no
período da escravidão e no colonialismo, após o fim da escravidão
o sentimento de preconceito contra índios e negros permaneceu o
mesmo, sendo esses descartados como objetos, apesar de muitos avanços
e conquistas nesse tema, ainda hoje grande parte da população herda
traços desses preconceitos. Em episódios de nossa história do
final do Sec. XIX e início do Sec. XX, com a tese do branqueamento
da população, incentivando a imigração de brancos europeus,
episódios recentes de tratamento diferenciado para negros, conceitos
pejorativos, como “negro é vagabundo”, “negro é ladrão”
etc, ainda são muito comuns em nossa sociedade, evidenciando a
grande disparidade racial ainda vigente no Brasil.
Considerações
Finais
Dentre
os avanços conquistados nas últimas décadas estão a
criminalização do racismo, instituída na Constituição Federal de
1988 e incorporada ao Código Penal, e a incorporação de ações
afirmativas, como as cotas em universidades. São conquistas
impulsionadas pelo Movimento Negro, tais como a Marcha a Brasília
pelos 300 anos do nascimento de Zumbi dos Palmares que, em 1995,
trouxe para o debate público a reivindicação das ações
afirmativas. “Entretanto, os negros permanecem excluídos de postos
e processos de decisão e sempre que surgem reivindicações nesse
sentido, o mito da democracia racial é resgatado na tentativa de se
neutralizar essas demandas”, analisa o advogado. “A lógica é a
de que se o espaço já existe, como preconiza a ideia de democracia
racial, não há o que reivindicar”. (AVANCINI, 2015 pg.1).
Nossa
Consideração
sobre o debate é que, realmente a democracia racial continua sendo
um mito em nosso país, o negro ainda é excluído, e taxado dos mais
diferentes juízos preconceituosos, assim o mito da democracia racial
tenta remediar a situação, propondo certas soluções paliativas e
ilusórias, que nada resolvem, somente pioram os problemas
enfrentados pela população. Assim,
na vida prática, a situação do negro e de todas as minorias
étnicas e menos favorecidas, é absurda, desde do momento que saem
nas ruas e são discriminados e tido como bandidos e vagabundos, até
mesmo nas próprias instituições e estabelecimentos. É preciso
respeito pela dignidade humana, é preciso considerar a humanidade em
nós e nos outros, todas as mortes devem ser choradas, todos os seres
humanos têm o mesmo valor, independente de sua cor, de sua raça, de
sua classe social. O respeito deve partir de cada um de nós.
Referências
Chaui,
Marilena. Contra a violência, http://www.pt.org.br, 31/03/2007
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